sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O anel que eu tinha pedido,


Durante os primeiros meses depois do meu primeiro
encontro com Swami Vishwananda, eu estava vibrante com
a antecipação de vê-lo de novo e muitas perguntas
chegavam à minha mente. Sentia uma pontada de culpa pela
minha ansiedade em ver o Swami de novo, sentindo que
estava a trair o meu primeiro mestre. Cheia de dúvidas, dava
por mim a pensar mais no Swami do que no meu próprio
mestre. Tinha sonhos em que o meu mestre se transformava
em Swami Vishwananda e vice-versa. Olhando para trás, vejo
que estava a ser ensinada que tudo é apenas um. Sem
entender, aquilo apenas me causava ansiedade e
preocupação nessa altura.
Cinco meses depois de o ter encontrado pela primeira
vez, o Swami chegou a Londres na véspera do Shivaratri.
Cheios de entusiasmo e antecipação, esperávamos por ele
em casa do meu amigo onde ele ia ficar. Quando ele
chegou, eu estava aterrada pela sua presença absoluta.
Estava completamente enervada e decidi ficar num lugar
traseiro e observá-lo à distância. Então, de algum modo,
acabei por ficar sentada com ele ao jantar. Sentei-me e
olhava-o com atenção mas estava completamente sem
palavras. Não sei o que é que ele tinha que me impedia de
funcionar normalmente. Eu estava tão apanhada. Nem
conseguia saborear a minha comida.
Quando o Swami se levantou da mesa e disse qualquer
coisa sobre ir a qualquer lado, eu senti uma dor instantânea
no meu coração e pensei, “Oh… por favor não vás.” Ele
virou-se imediatamente para mim e disse, “Eu já volto”.
Aliviada, voltei a pôr a minha atenção na comida. Quando
ele estava prestes a sair da sala, virou-se para mim e disse,
“Vais estar aqui quando eu voltar?”. Eu fiquei em silêncio.
Estava em choque por ele me ter dirigido a palavra. Ele
repetiu a pergunta, fez um gesto súbito com a mão no ar e
veio na minha direcção para me pôr um anel na minha mão.
Depois saiu como se nada tivesse acontecido.
Durante uns bons dez minutos, fiquei ali sentada
estupefacta. Olhando com atenção para o anel, vi que era um
anel com três diamantes e eu relembrei uma carta que tinha
escrito ao meu primeiro mestre com a idade de cinco anos na
qual eu lhe pedia um anel e mais algumas coisas. O anel que
eu tinha pedido, era com três diamantes, exactamente
como aquele que o Swami tinha acabado de pôr na minha
mão. Em toda a minha vida convenci-me que eu receberia o
anel desejado do meu mestre. O meu desejo de quinze anos
tinha sido concedido: eu sabia que não era coincidência.
Profundamente tocada pela omnisciência do Swami, fiquei
sem palavras. Mais tarde, sentados juntos numa sala, ele
colocou o anel no meu dedo dizendo, “É tal e qual como
aquele que o teu mestre oferece”. Isto confirmou a minha
crença em que o Swami sabia exactamente tudo. Compreendi
que estava sentada aos pés daquele que tinha nas suas mãos
a chave da minha vida.

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