quinta-feira, 30 de julho de 2009

O meu primeiro encontro com o Swami,

Foi por volta de Agosto de 1998, na minha cidade natal,
em Zurique, na Suíça, que eu encontrei o meu guru
novamente. Depois de muitos meses de quietude, lendo
livros espirituais e reflectindo em tópicos espirituais, senti
que era altura de me juntar a outras pessoas que estivessem
no mesmo caminho. Não porque eu quisesse ou precisasse
de socializar, mas porque, simplesmente, me sentia puxado
para estar no meio de outros para cantar, orar e estar
presente.
Tendo sido conduzido para me encontrar com o Swami,
havia sinais anunciando a sua chegada eminente. Poucos
meses antes, um amigo do meu pai tinha-me dado um
presente. Na capa do livro, um Iogue estava olhando para o
céu, usando uma túnica laranja. Quando o recebi, pensei,
“Ora aqui está mais um guru vestido de cor-de-laranja. Não
deve ser muito importante. Já encontrei o que estava à
procura”. Deixei o livro em cima de uma pequena mesa
perto da minha cama e ignorei-o até meses depois de
encontrar Swamiji.
Uma semana antes do encontro predestinado, um homem
que eu desconhecia nessa altura, aproximou-se de mim
depois do encontro para bhajans e orações, que eu
frequentava regularmente, mostrando um interesse em mim
muito peculiar. Uma vez que eu não estava muito
interessado em socializar nesse ambiente, mas antes em fazer
introspecção, não estava dando muito espaço a este homem
amigável, chamado Urs, para ele se conectar comigo. Além
disso, estava à pressa para me encontrar com um amigo,
para tomarmos uma bebida num restaurante próximo. Antes
que eu me apressasse a sair, ele conseguiu entregar a sua
mensagem, “Dentro de uma semana, quando nós nos
juntarmos novamente para os bhajans, dois jovens
maravilhosos virão. Certifique-se de que você vem”. No
decorrer dos dias seguintes, esqueci-me acerca da
notificação, mas consegui assistir aos bhajans novamente na
próxima quinta-feira.


Na semana seguinte, o Urs e eu estávamos sentados na
sala com outras vinte pessoas, mais ou menos, quando
Swami Vishwananda entrou acompanhado de Fabian.
Depois dos bhajans, juntei-me a eles, visto que fomos para o
apartamento do Urs e eu tive a minha primeira conversa
com o Swami. Ele perguntou-me, tal como voltaria a fazer
mais tarde, frequentemente, noutras ocasiões, “Então, diz-me
lá alguma coisa…fala”. Eu não gostei dessa pergunta. O
que é que eu tinha a dizer? Senti-me muito nervoso. Não posso
dizer que fosse alegria. Foi antes um sentimento de, “Oops,
isto é sério. O que é que eu faço agora…?” Talvez seja como
um potro selvagem que foi apanhado e instintivamente sabe,
“Já está, acabou-se a brincadeira. Não há mais corrida
desenfreada por todo o lado, fazer tudo o que me
apetece…ser irresponsável, indisciplinado, ou o que te
entretém”. Uma das particularidades da minha vida é que o
meu primeiro sentimento com o Swami não foi um de pura
alegria. Ao mesmo tempo, lá no fundo, sentia fortemente –
estava absolutamente certo de que ele era alguém muito,
muito especial. Enquanto a parte física de mim estava talvez
um pouco constrangida ao princípio, a minha alma sabia
exactamente quem ele era.
O período a seguir ao dia em que o conheci pela primeira
vez, tornou-se no período mais intenso da minha vida. Era
como estar apaixonado. A minha vida toda tornou-se mais
vibrante e eu adorava estar com o Swami. Os meses que se
seguiram, durante os quais eu passaria muito tempo com
ele, eram cheios de alegria, beleza e gargalhadas. Ele
telefonava-me às vezes, normalmente apanhando-me à noite
quando eu ainda estava no escritório, na baixa da cidade de
Zurique. A sua voz soava como a mais doce de todas as
mães telefonando ao seu filho. Ele repetia o meu nome
muitas vezes e eu sentia como se ele estivesse dizendo,
“Querido filho, finalmente… finalmente encontrei-te outra
vez”. Era como se ele estivesse simultaneamente longe e
profundamente no universo, contudo, ao mesmo tempo
incrivelmente perto.
Em retrospectiva, tudo aconteceu naturalmente e muito
rápido. Era surpreendente que alguém como eu começasse a
juntar-se e cantando bhajans aonde quer que nós tivéssemos,
fosse na minha casa ou nas nossas viagens. O Urs organizou
e acompanhou-nos em muitas viagens, tal como fez o
Fabian, cujo nome espiritual, mais tarde, passou a ser
Jyotirananda. Nós passámos muito tempo em Hünibach e
arredores, a cidade natal de Jyotirananda, perto de Thun,
Suíça. Estes foram tempos muito especiais e felizes. Parecia
que eles nunca iriam acabar e era como se a vida continuasse
assim para sempre.
Conheci o Swami de calças de ganga em vez de túnica e
foi natural para mim considerá-lo como um amigo mais
íntimo. Era como ele me tratava e como eu interagia com ele.
Só depois de algumas semanas, quando o Fabian, o Swami e
eu viajámos para Londres, é que eu o vi de túnica pela
primeira vez e percebi:


“Oh, este é o meu amigo, olha para
todas as pessoas que vêm vê-lo na sua túnica, olha como ele
fica elegante e majestoso”.

Fiquei contente por a minha
amizade ter começado ao conhecê-lo em calças de ganga.
Adorei-o na sua simplicidade e o meu amor por ele era puro.
Nalgumas conversas íntimas que nós tivemos, ele disse-me
que estava livre dos ciclos do nascimento e que ele podia
deixar esta terra assim que quisesse, quando quisesse. Este
pensamento deixou-me triste, mas eu sabia que ele
realmente não se iria embora tão cedo. Contudo, foi uma boa
lembrança, para não considerar a sua presença como
garantida. Ele também disse que um dia se tornaria mais
rigoroso, à medida que mais e mais pessoas viessem até ele.
Isto também me fez ficar um pouco triste, porque eu amava
a maneira como ele era – a doçura, a sua inocência infantil.
Porquê mudar esta natureza pura e inocente para algo mais
ríspido? Mas, eu também já sabia nessa altura que ele tinha
uma missão para cumprir. Da minha própria experiência
profissional, sabia bastante bem que, às vezes, é necessário
aplicar firmeza no cumprimento da nossa obrigação.
Estava pronto para largar tudo o que estava a fazer na
altura e então juntar-me e apoiar Swami Vishwananda no
seu caminho. Sabia que a melhor forma de usar a minha
força vital era ajudá-lo. Não havia uso mais efectivo do meu
tempo. Tinha sempre verificado e controlado o modo como
usava o meu tempo nesse respeito, perguntando a mim
próprio regularmente, “Estou eu a fazer o melhor que posso
para servir o bem mais elevado?” A minha actividade
profissional era a melhor resposta que tinha alcançado até à
altura. Com a chegada do Swami, comecei a questionar tudo
isso. Tal como se confirmou, contudo, essa ainda não era a
altura para eu desistir das minhas actividades profissionais.
Anos depois desta realização inicial, próximo do fim do ano
de 2007, o tempo certo está-se aproximando: Estarei
largando as minhas actividades empresariais em benefício
das tarefas que o Swami me solicitar.

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